quarta-feira, 28 de setembro de 2011

Camarões 1982 - O despertar de um gigante africano

Na Espanha, na Copa do Mundo de 1982, o mundo conheceu o futebol da seleção da República de Camarões, um futebol bonito e bem jogado que passou a ser admirado e respeitado desde então.


Embora infelizmente não tenham passado da primeira fase no grupo 1 naquele mundial, grupo esse que foi um dos mais difíceis, os Leões Indomáveis voltaram pra casa sem sofrer sequer uma derrota, um feito que não voltaria a ser repetido por nenhuma outra seleção africana em copas do mundo.

Notoriedade essa só conquistada pela poderosa seleção dos Leopardos do Zaire, vencedores duas vezes consecutivas a Copa Africana de Seleções, pois até então não havia surgido nenhuma seleção forte na África negra, porém os Leopardos deixaram a Alemanha em 1974 com uma péssima imagem, na primeira fase tomaram uma goleada histórica da seleção da Iugoslávia, um sonoro 9 a 0, entraram em demérito ao entrar em campo sem foco e de má vontade, pois estavam em conflito por conta da premiação, e essa falta de empenho e cabeça voltada aos adversários custou caro ao selecionado zairense, perderam todos os jogos, inclusive para o Brasil.

Mas Camarões e Argélia surpreenderam o mundo em 82 com um futebol vistoso e não se classificaram para a segunda fase da competição por meros detalhes, os Leões não conseguiram vencer nenhum jogo, mas mostraram um futebol vistoso e muito bem jogado, lembrando muito o futebol romântico do Brasil de outrora.



Davam a impressão que venceriam a tudo a todos, mas padeciam de um mal a falta de experiência e de competividade, pecavam demais na conclusões a gol, perdendo gols fáceis de forma até infantil, mas mesmo com esses problemas os Leões encaram em pé de igualdade a já amadurecida seleção do Peru, que tinham alguns jogadores remanescentes que fizeram uma bela campanha nas copas de 70 e 78, como o grande Oblitas, mas também contavam com jogadores mais jovens como Barbadillo. Camarões também fez um bom jogo contra a seleção da Polônia, copa essa que seria a última do careca Lato, aquele que tirou o terceiro lugar da seleção brasileira na copa de 74, com um gol aos 31 minutos do segundo tempo e a segunda copa  do sensacional Zbigniew Boniek, craque da Juventus da Itália, juntamente com o grande jogador francês Michel Platini, que disputou as Copas de 78, 82 e 86 e foi o presidente do comitê organizador do Mundial de 1998 na França, e o melhor estava por vir, o grande empate com a seleção italiana, que iria se sagrar campeã daquela Copa pouco tempo depois.

Após dois empates, caso não acontecesse o cruel escorregão do excelente arqueiro N’Kono, os Leões teriam se classificado em segundo lugar no grupo e iria encarar Brasil e Argentina na seqüência da competição e com certeza o campeão teria sido outro. Então o 1×0 como um castigo virou 1×1. Mas assim é o futebol, como todos nós sabemos nem sempre o melhor time ganha. Curiosamente se o regulamento tivesse sido o mesmo de 1986 a 1998, Camarões teria se classificado para as oitavas-de-final como um dos quatro melhores terceiros colocados entre os seis grupos. Mas a Copa do país de Salvador Dalí e do simpático e sempre sorridente mascote Naranjito, reservara somente os aplausos e reconhecimento aos bravos Leões.
O técnico francês Jean Vincent de Camarões não era um entusiasta em relação a efetuar substituições na sua equipe. Jamais saberemos se ele não tinha confiança nos suplentes da sua equipe ou se ele era meramente econômico em seus critérios. Vejamos como ele montou o time:

Camarões 0×0 Peru: N’Kono; Kaham, N’Djeya, Onana, M’Bom e Aoudou; Kundé, M’Bida e Abega; Milla (Tokoto 89′) e N’Guea (Bahoken 73′)

Camarões 0×0 Polônia: N’Kono; Kaham, N’Djeya, Onana, M’Bom e Aoudou; Kundé, M’Bida e Abega; Milla e N’Guea (Tokoto 45′)

Camarões 1×1 Itália: N’Kono; Kaham, N’Djeya, Onana, M’Bom e Aoudou; Kundé, M’Bida e Abega; Milla e Tokoto.

Thomas N’Kono, Jules Onana, Émile Kundé e Roger Milla também jogaram em 1990 na Itália. O eterno reserva de N’Kono, Joseph-Antoine Bell, foi o titular em 1994, nos EUA. N’Kono era convocado regularmente desde 1975 e Bell desde 1976. O craque dessa seleção de 1982 era o meia Abega.

Dos 22 convocados, apenas seis jogavam fora do país: N’Kono (Africa Sports – CIV), Tokoto (Jacksonville – USA), Caham (Stade Quimperois – FRA), Milla (Bastia – FRA), Bahoken e Aoudou (Cannes – FRA).
O Canon Yaoundé tinha seis convocados e o Union Douala, com quatro, formavam a base do time.

Curiosidade: no album de figurinhas da Copa de 82 do chiclé Ping Pong, a bandeira de Camarões era um dos cromos mais dificeis e os nomes dos jogadores N’Doumbe Lea e Tokoto foram impressos como Dumbe Lea e Okoto, respectivamente.

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